quarta-feira, 10 de junho de 2009

Felicidade em cápsula.


Pois é, a reação dessa coisa aí (sim, química nunca foi minha matéria preferida), chamada metilenodioximetanfetamina, fez mais uma vítima essa semana.
Nem de perto éramos amigas, mal sei se trocamos um simples "Oi" na uma semana que ela permaneceu na mesma sala de aula que eu no ano passado, mas sinceramente, sinto muito por ela ter perdido a vida da maneira que perdeu.
Mas o que fazer? Ela era linda, sim, e bem grandinha pra saber o que queria da vida ou não.
Queria que alguém pudesse me responder: Porque pagar um preço tão alto por uma ou duas horas de "bem estar"?.
Denomino-me careta. O tal Ecstasy toma conta de tantas vidas por aí, a maioria da minha mesma idade, e não sei ao menos o motivo porque ela é tão poderosa assim.
Ouvi dizer que ele aumenta a sensualidade, a autoconfiança, o sentimento de segurança e de confiança de quem dele usufrui. Mas me disseram também que pode causar taquicardia, aumento de pressão sanguínea, dores musculares, entre outros e soube, além disso, que Marília*, ao experimentá-lo, teve três paradas cardiorespiratórias e, fatalmente, um infarto. Sim, com 17/18 anos de idade ela pagou com a vida o instantâneo prazer.
Talvez se ela tivesse afogado as mágoas com as amigas, assim como todos fazem, se reunindo pra fazer pipoca de micro-ondas e assistir uma boa comédia, daquelas que você assiste, ri pelas próximas 5 horas e ainda tem a vida toda pra rir de novo da mesma cena ao contar o filme para os amigos que não o viram, ou se reconhecesse como é bom amar, mesmo que o mundo ás vezes tente mostrar o contrário, ela estaria aqui, nesse mundo, viva. Talvez se ela tivesse preferido ficar em casa, ouvindo a mãe dela dizer: "Filha, você precisa arrumar o seu quarto" ao invés de fazer o que fez, ela teria arrumado o quarto e poderia ter achado no meio daquela bagunça uma foto velha, aquela foto preferida que ela procurava há tanto tempo... e estaria aqui. Talvez se ela tivesse escolhido deixar tudo pra lá, ligar o rádio no último volume com seu CD de músicas dançantes preferido, e se deixar levar por sua própria mente, dançando, cantando... A sensação de felicidade seria a mesma e ela estaria aqui.
Talvez se ela não tivesse se deprimido tanto há ponto de apelar pra essa solução, talvez se ela tivesse pensado: "Isso é pouco perto do valor das coisas boas que tenho em minha vida!", talvez se ela fosse menos curiosa pra certas coisas, talvez se ela percebesse antes o quanto a vida dela valia, ela não teria dito: SIM, EU ACEITO. Se ao menos ela soubesse que esse desenho bonito faria mal ao seu coração e o faria parar para sempre.
Meus sinceros sentimentos à família, que sempre deve, nesses casos, se perguntar onde erraram. Isso não é, nem de brincadeira, uma crítica. Afinal, cada um sabe os caminhos a seguir, as decisões, o que se pode fazer para se sentir bem ou não, e nem se quer posso saber qual escolha minha me levará ao mesmo rumo, mas fico feliz em preferir, nas horas em que preciso reconhecer como é bom ser feliz, a pipoca de micro-ondas (com manteiga e brigadeiro depois), a bagunça do meu quarto, o amor (o meu amor, os meu amores, os que me amam) e meu CD de músicas dançantes preferido.

*Por respeito, o verdadeiro nome foi omitido.